Não dá mais para negar: Salvador se tornou um verdadeiro laboratório de multas. A gestão Bruno Reis segue à risca o manual de governo de ACM Neto, focado em controle, vigilância e arrecadação. Com 357 mil multas em apenas seis meses, a cidade se destaca nacionalmente — não pelo transporte eficiente ou pela mobilidade moderna, mas pelo rigor das penalidades.
Radares escondidos, agentes com celulares prontos para fotografar qualquer infração e uma sinalização que mais confunde do que orienta. Essa é a Salvador de 2025. A prioridade não é corrigir falhas estruturais, mas penalizar o cidadão. E a julgar pela média de quase 60 mil autuações por mês, o sistema está funcionando — para o cofre da prefeitura.
A sanha arrecadatória se estende à micromobilidade. Um simples patinete virou símbolo de rebeldia urbana. Com limites de velocidade e regras que parecem piada, a gestão pune até quem tenta aliviar o trânsito com novas alternativas. E se engana quem acha que a praia é o último refúgio: as caixas de som estão na mira, com multas exorbitantes previstas.
Esse modelo de “ordem” esconde uma política de exclusão. As multas atingem, principalmente, os mais pobres, que não têm acesso a recursos ou conhecimento técnico para recorrer das penalidades. Enquanto isso, campanhas educativas são relegadas ao segundo plano, servindo apenas para dar aparência de boa intenção.
A disputa não declarada entre quem multa mais — Neto ou Reis — revela uma Salvador que caminha na contramão da inclusão e da liberdade urbana. Resta saber até quando a população aceitará ser tratada como infratora em potencial.